A Engenharia enquanto domínio de conhecimento, desmultiplicou-se nos últimos 50 anos em um conjunto alargado de especialidades, e todas elas com maior ou menor grau, contribuiram para o extraordinário processo de transformação da sociedade industrial para a sociedade do conhecimento.
Em termos fundamentais o campo da Engenharia é constituída por três componentes : 1) um corpo teórico de conhecimentos, 2) um conjunto de práticas ( e processos normalizados) 3) análise e valor económico (retorno). Estas três componentes, que durante a era industrial funcionaram quase na perfeição, estão no entanto agora postas em causa, sobretudo nos métodos e processos de engenharia em face da revolução das tecnologias da informação e da comunicação.
Na verdade, não há projecto de ponte sem uso de computador, não há cálculos sobre barragens e energias sem o correspondente software de modelização, análise e suporte à decisão, não há manutenção a sério sem métodos e processos automáticos e semi-automáticos de captação de dados e criação de dashboards de controlo e coordenação para a acção, seja preventiva ou correctiva, não existe verdadeira monitorização de equipas de trabalho colaborativo sem Medição e Retorno sobre o Investimento, em suma Não Há Nova Engenharia … sem Software.
O Software, que é uma disciplina com menos de 50 anos (*) de Aplicação Industrial é hoje uma componente fundamental de qualquer processo ou produto com valor de mercado e com grande potencial de Exportação não só de Recursos mas também de Produtos e Serviços de Suporte.
O Hardware (maquinaria) aporta performance, mas toda a funcionalidade está na capacidade de design, desenvolvimento e implementação do software. Fazer Software para produtos de engenharia é como colocar Inteligência Integrada (Embutida) nos processos e produtos ou artefactos do século XXI, sejam máquinas de lavar roupa e louça, televisões, frigoríficos, pontes (com sensores de fibra óptica), telemóveis, edifícios inteligentes, veículos (chip com rodas !), redes inteligentes de energia, tudo e todas as áreas vão buscar a inteligência ao software que corre por dentro das máquinas, obviamente fruto da imaginação e capacidade de todas as Disciplinas do Conhecimento com o necessário suporte da Engenharia.
Uma boa parte da Nova Engenharia do século XXI passará inevitavelmente pelo domínio do Ciclo de Vida do Software que vai desde a concepção, design, implementação, controlo e manutenção, sempre com Criatividade e Inovação aportada pelo Engenheiro, independentemente da especialidade, mas com essa componente intangível de programação de software, e que é o grande Transformador de Inteligência para dentro dos Novos Processos e dos Novos Produtos da Sociedade da Informação e Conhecimento.
(*) – O termo Software foi cunhado numa reunião da NATO em 1968.